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E se nascemos em um corpo de mulher, logo vamos encontrar regras infinitas sobre como devemos ser e nos comportar, o que é esperado de nós e como devemos saber sorrir e concordar.⠀
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Durante muito tempo eu senti uma tristeza que não sabia dizer de onde vinha. Tristeza com raízes profundas que me faziam crer que eu não sabia o que era ser feliz. ⠀
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Mas de alguns anos para cá passei a recuperar fotos antigas. Fotos da minha infância. Fotos em que eu sorria e era alegre. Eu me divertia. ⠀
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Havia um brilho no meu olhar que eu não me recordava.⠀
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Recuperar as fotos da minha infância e olhar para a menina que fui me levou a pensar muito sobre a primeira etapa da Jornada da Heroína. O momento em nos separamos do feminino. ⠀
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Todas nós vivemos essa experiência pelo simples fato de termos nascido mulheres em um mundo em que ser mulher é um desfortúnio. E existem muitas explicações sócio-culturais para sustentar esse raciocínio. Além de todas as situações que experimentamos diariamente em nossas vidas.⠀
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Há dias em que eu me pergunto se seremos capazes de reverter esse quadro, de mudar o paradigma, de realmente transformar a realidade criando uma nova forma de estar no mundo, um novo mundo até.⠀
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Nesses dias eu vou atrás das minhas fotos de criança.⠀
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Porque olhar para aquela moleca que fui é o que me renova a esperança. Porque eu vejo o mesmo brilho no olhar do meu filho. E se nossas crianças continuam nascendo com esse brilho no olhar, então ainda há esperança. ⠀
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Esperança e muito trabalho. Para que possamos trazer o brilho de volta ao nosso olhar e sermos capazes de fazer o brilho permanecer vivo dentro dos pequenos. ⠀
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Você pode dizer que sou uma sonhadora, até Lennon disse isso. Mas se não for a única, então teremos um mundo novo nos esperando logo ali na esquina. ⠀
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Aqui na AYNE trabalhamos para que mais mulheres sonhadoras possam estar juntas e fazer valer a canção. ⠀
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Porque sonho que se sonha junto é realidade sim